quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Pesquisas e especialistas garantem que a musculação pode e deve ser feita pela terceira idade. Sob medida, o treino com pesos traz inúmeros benefícios à saúde



A musculação é ideal para a terceira idade
Os exercícios para os músculos acabam mexendo com o corpo todo e não exigem tanto fôlego. Além disso, são uma saída para exercitar grupos musculares que vão deixando de ser usados ao longo do tempo. Portanto, são capazes de prevenir problemas muito comuns associados especialmente à terceira idade, como desvios posturais, falta de flexibilidade e fraqueza muscular. "Os músculos fortalecidos sustentam melhor a coluna, devolvem o equilíbrio e deixam os idosos mais protegidos das quedas", exemplifica. Investir em musculação nessa faixa etária é melhorar a qualidade de vida de um modo geral. "A falta de autonomia nas atividades do dia-a-dia está diretamente ligada à perda de força, massa muscular e óssea que se intensifica significativamente após a sexta e sétima décadas de vida", alerta a especialista.
É tão boa quanto o leite para os ossos
A explicação é fisiológica. A sobrecarga gerada pela repetição e intensidade dos exercícios de força causa microlesões nas fibras musculares. Esses 'danos', por sua vez, estimulam o núcleo da fibra a produzir proteínas (actina e miosina) que têm a função de aumentar a massa muscular. Paralelamente, de acordo o fisiologista Turíbio Leite, a tração mecânica que deixa os músculos enrijecidos e tonificados provoca o depósito de cálcio nos ossos, fortalecendo-os. A ação da musculação sobre os ossos já foi comprovada, por exemplo, durante um estudo realizado no ano passado pela Faculdade de Educação Física (FEF), da Universidade de Brasília (UnB), com 17 mulheres após a menopausa.
Com uma média de 65 anos e vítimas de osteoporose, essas voluntárias foram submetidas durante 12 meses a aulas de 60 minutos de exercícios de força, de duas a três vezes por semana. Os resultados de testes específicos realizados ao final da pesquisa mostraram uma diferença significativa nos graus de flexibilidade, da força manual e da força dos membros inferiores dessas mulheres em relação às suas próprias marcas no início da pesquisa.
De quebra, ajuda a emagrecer
Alguns treinadores defendem que iniciar o treino com a musculação e depois partir para a atividade aeróbica é a melhor forma de reduzir a gordura corporal.A explicação está na reserva de 'combustíveis' utilizados pelo organismo durante estes dois tipos de atividade. Nos primeiros 30 minutos de malhação, a energia vem dos carboidratos (substâncias de consumo fácil). Depois, quando esta fonte se esgota, o corpo solicita a ajuda da gordura (formada por moléculas mais difíceis de serem absorvidas). Se o aluno, independentemente da idade, dedica a primeira meia hora à musculação, quando passar para os aeróbicos (atividade que exige esforço mais intenso e, conseqüentemente, mais carga energética), a queima de massa gorda tende a ser maior. Além disso, esta seqüência de malhação acaba melhorando o desempenho em ambos exercícios. Feitos antes, sem muito suor e cansaço, os movimentos nos equipamentos da sala de musculação saem com mais perfeição. E, com os músculos fortes e alongados, fica bem mais fácil - e seguro - encarar uma atividade acelerada depois.
Frágil (não) é a vovozinha
 "O idoso é capaz de utilizar métodos com sobrecargas relativamente iguais ou mesmo superiores às do jovem", garante. Segundo uma revisão de vários estudos feita pela especialista, os resultados obtidos com treinos de alta intensidade nessa população têm se mostrado seguros e eficientes para a saúde de alunos com mais de 60 anos, demonstrando aumentos de densidade femural e lombar, melhora do equilíbrio e aumento da força e massa muscular. Já treinos de baixa intensidade produzem resultados limitados. "Isso nos leva a concluir que idosos têm uma capacidade mais baixa para reagir aos estímulos mecânicos da musculação e, por isso, estes devem ser mais intensos", explica. É claro que a regra dependerá muito da saúde dos malhadores da terceira idade. São necessários cuidados especiais, por razões óbvias, com vítimas de artrite, artrose, tendinite e desvios posturais, além de indivíduos que possuem riscos cardiovasculares, uma vez que as manobras são capazes de elevar a freqüência e a pressão arterial.


Por Adriano Brotto

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