Livro traz história da beleza e das academias de
ginástica no Brasil.
Desde a elegância
e a sofisticação dos primeiros anos da República brasileira até a
banalização das cirurgias plásticas e o triunfo das academias de ginástica,
a historiadora Denise Bernuzzi de Sant’anna detalha em “História da
Beleza no Brasil” (Ed. Contexto, R$ 39,90, 208 págs.) a busca pelo belo ao
longo dos séculos e como esse conceito mudou no país.
Fruto de
extensa pesquisa, a obra mostra como no último século o corpo ganhou o status
da alma, ganhando igual importância, complexidade e sensibilidade.
Ao longo
dos anos, a beleza passou a ser uma preocupação bem-vista e comum, seja
para homens e mulheres, héteros e homossexuais, jovens e idosos, gordos ou
magros, ricos e pobres.
Essa
virada, diz o livro, deu-se nos anos 1950, quando o embelezamento virou
artigo de primeira necessidade, impulsionando uma megaindústria de alimentação,
cosmética, saúde e atividades físicas.
Sobre
este último tópico, inclusive, há um capítulo inteiro dedicado. Para a
Sant’anna, o boom de atividades físicas ocorreu a partir da década de 1980.
Leia abaixo alguns trechos.
“Assim,
na mesma década do milagre econômico e da crise do petróleo, a atividade física
“entrou em alta”. Uma ampla divulgação do teste cooper, importado pelo
brasileiro Cláudio Coutinho, contribuiu para transformar a experiência do
jogging numa atividade de lazer digna de nota: “a saúde está na moda”, “as
pessoas estão correndo”, nos parques, nas calçadas, em pistas de corrida ou
fora delas. Desde então, uma curiosa divisão entre os seres humanos de todas as
idades e classes sociais foi banalizada: os ativos e os sedentários.
Dois grupos em constante oposição. Os primeiros tenderam a ser vistos
como pessoas do bem, já os sedentários, nem tanto.”
“No mesmo
ano da produção de Flashdance [1983], a cidade do Rio de Janeiro contava com
cerca de 7 mil academias de ginástica e com 800 mil cariocas praticantes de
musculação. Com o progressivo ingresso das mulheres no “mercado do músculo”, os
aparelhos, ambientes e roupas relacionados ao exercício físico sofreram uma
espécie de “feminilização”. O imaginário da musculação se distanciou das salas
exclusivamente masculinas, voltadas ao antigo halterofilismo. Houve uma
flexibilização da austeridade quase militar reinante naqueles espaços e a adoção
de máquinas e equipamentos coloridos, favoráveis ao conforto físico de
ambos os sexos."
"A voga
das academias de ginástica concentrou-se no eixo Rio-São Paulo, mas não
deixou de atingir outras cidades. Apenas para citar um exemplo fora daquele
eixo, em Brasília existiam quatro academias em 1983 e, no ano seguinte, esse
número subiu para onze. O cenário dos esteroides anabolizantes também
ocupou um lugar destacado na otimização do rendimento físico."
Por Adriano Brotto
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